As plantas do gênero do maracujá (Passiflora) somam cerca de 519 espécies reconhecidas, sendo 90% originárias das Américas, muitas delas nativas do Brasil. A principal em importância econômica é o maracujá-amarelo, P. edulis f. flavicarpa. Grande parte dessas espécies está dispersa no território nacional, o que confere ao País a condição de um dos principais centros de diversidade genética do gênero. Segundo dados do IBGE, o Brasil também é um dos maiores produtores mundiais, concentrando a maior parte da produção na região Nordeste (68,08%). Já a região Norte apresenta 6,04%, sendo o Estado do Acre responsável por 0,07% da produção nacional.
O Acre apresenta grande possibilidade para produzir essa cultura, visto que as condições climáticas da região, como temperaturas variando de 21 °C a 32 °C, alto índice pluviométrico e o clima quente e úmido, favorecem o seu desenvolvimento. Durante os períodos de estiagem (de maio a setembro), a irrigação é um manejo cultural que pode alavancar ainda mais a produção, porém é necessário que os benefícios econômicos gerados pelo seu uso sejam positivos e maiores que os provenientes da produção não irrigada.
O sistema de irrigação por gotejamento é um método bem aceito pelos produtores de outros estados, pois tem menor custo e evita perdas pelo excesso de água, sendo o mais adequado para as condições de umidade e aeração do solo exigido pela cultura. No entanto, além de adotar a prática de irrigação, um sistema de cultivo bem-sucedido deve utilizar outras práticas que são imprescindíveis para o sucesso da cultura e, sobretudo, para evitar futuras perdas.
Entre elas, a correta condução da planta em espaldeira, com o uso de poda de formação, proporcionará boa distribuição de ramos e maior produção de frutos. Ao final de cada ciclo também deverá ser realizada uma poda de renovação, equilibrando a planta quanto à vegetação e produção de frutos, além de viabilizar o próximo ciclo.
O uso da polinização manual aumenta a produtividade do maracujazeiro, auxiliando as mamangavas (Xylocopa spp.), que são os polinizadores naturais. Em algumas situações, essa prática é obrigatória quando forem usados produtos químicos para o controle de pragas e doenças, ou ainda, na presença de abelhas que roubam o pólen. Outro aspecto importante é o coroamento com a utilização de cobertura morta ao redor da planta. Essa prática, além do fornecer matéria orgânica, controla as plantas daninhas e mantém a umidade do solo no período de estiagem, desde que o suprimento de água pela irrigação seja feito.
É importante ressaltar que a cultura ainda pode ser plantada em consórcio com grãos e hortaliças. Assim, o pequeno produtor otimiza o espaço utilizado na produção do maracujá para aumentar a sua produtividade e com isso ter um melhor uso da propriedade, diversificando as práticas agrícolas e garantindo novas fontes de renda.
Um aspecto fundamental, que deve ser observado pelo produtor, é o uso de sementes selecionadas para formação de mudas. Isso assegurará a obtenção de pomares com boas características de desenvolvimento, produtividade e precocidade. Nesse aspecto a Embrapa vem desenvolvendo, em diversas Unidades e estados brasileiros, trabalhos de avaliação de indivíduos superiores objetivando indicar cultivares com características agronômicas melhores e adaptadas às diferentes regiões brasileiras.
Entretanto, para que a cultura apresente os resultados esperados, é necessário planejamento, e isso requer conhecer as condições ideais para o desenvolvimento do maracujazeiro. No Acre, ele se adapta às condições climáticas, mas ainda falta gerenciamento por parte dos produtores e isso reflete no escoamento da produção, nas técnicas usadas no preparo do solo para o plantio, no conhecimento de pragas que atingem a cultura e no uso da polinização. Tudo isso faz com que o produtor rural fique desestimulado com a produção. Portanto, são necessárias políticas incentivadoras que proporcionem as condições ideais para o avanço da cultura no estado.
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